sexta-feira, 28 de maio de 2010

Segredos não divididos

Amanheço,
Dentes pra escovar,
Pura falta de opção.
Não há ouvidos
Para dividir segredos.

Comer, trabalhar, existir...
Não necessariamente nessa ordem.

Não possuo as respostas.

Se fosse apenas solidão
Encontraria amigos em algum bar
Para rir
E apertar as mãos.

Explicação para simples troca de olhares

Eu sorria porque
Era o que eu tinha a dize.
Sobre o teu braço
Enrolado no meu pescoço.
Não existia o despertador no dia seguinte,
Nem contas a pagar.
Só a música da sua respiração
E o cheiro do seu cabelo,
Um cobertor
E um bem estar...

domingo, 9 de maio de 2010

Um barco sumindo no horizonte...

Era sempre primavera,
Éramos flores, borboletas, pássaros
E abelhas.
O Sol aquecia,
Mas mesmo sem ele ferveríamos...

Era sempre primavera,
Pequena demais pra uma nuvem,
Um pingo d’água,
Um floco de neve...

Por onde o inverno entrou
Você saiu.
E minha ultima lembrança
É apenas uma porta fechada.

Uma tarde. Tarde demais

Hoje é dia
Daqueles em que
Nos jogamos
De todo e qualquer prédio,
Dia de não vida
Como muitos que não vivi.

A roupa ainda é a mesma
Da noite passada,
O cabelo, o mesmo,
Alguns cigarros se foram
E lá fora o Sol,
Impiedoso e tirano.

Há escolha?

Os olhos
Não o deixam mentir,
Caindo pelas tabelas,
Inconsciente ele morre.
Morre pelo desespero,
Pelo pão de cada dia,
Morre por não poder escolher
Entre viver e morrer.

Romântico desespero

Sejamos sim
Os personagens de
Um conto de fadas qualquer.
Mas peloamordeDeus!
Não o façamos com tédio.
Temos faca e queijo em mãos.

Porque não café na cama?

A alegria como era ontem

Quando acordo no meio da noite
Com sede

De água e de saber

Pergunto onde foi morar
Aquela simpática alegria
Que certo dia
Vi colorir seu rosto
Em um breve sorriso tímido.

Cada vez mais perto do horizonte

De repente me vi
Dentro do tornado
Respirando,
Comendo e dormindo você,
De repente não mais acordei.
Desde então fui apenas
Sonho e convicção.

Não era pra ser hora de acordar
Se jurei pra mim mesmo
Que era dessa vez
O meu sono eterno.

Zele por ela

Após parir
A mãe permanece inerte
Com aquela criança nas mãos
Sem fazer idéia de como lidar com aquilo.
Não há o que fazer,
Já está viva,
Pronta para apanhar.

Memória recente

Esse poema é do tempo
Em que tropeçar
Fazia parte do passeio,
Era permitido esquecer o caminho de casa.
Conversas desconexas
Encharcadas de álcool e significados ocultos
Era o que havia para o jantar.

Não faz muito tempo,
As nuvens e a lua ainda se lembram
Das risadas e argumentações
Que alimentavam
O vazio que nos fazia pensar.

Algum tempo depois do divórcio

No que restou
Do que era um lar
Sentado em sua poltrona
Relendo um jornal
De quarenta anos atrás
Ele ainda escuta
A correria das crianças
Que naquele tempo
Ainda sorriam.