quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Baile da primavera

Bailam os pássaros e as flores,
É primavera.
Mas ele sempre preferiu as sombras,
Amenas e não tão claras,
Preferiu as noites aos dias...

Nunca soubera lidar com essas alegrias naturais
Onde a claridade
Faz sorriso e desassossego.

Enquanto bailavam
Primavera, flores e pássaros.
Ele caminhava só, pela sombra.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

De ontem, hoje e amanhã

Esse dia que não passa
Monótona repetição
Macacos sobre a terra
Esperando a bendita evolução
Dias, meses, anos
Somos sempre tão iguais
“Ainda somos os mesmos e vivemos
Como nossos pais.”

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Segredos não divididos

Amanheço,
Dentes pra escovar,
Pura falta de opção.
Não há ouvidos
Para dividir segredos.

Comer, trabalhar, existir...
Não necessariamente nessa ordem.

Não possuo as respostas.

Se fosse apenas solidão
Encontraria amigos em algum bar
Para rir
E apertar as mãos.

Explicação para simples troca de olhares

Eu sorria porque
Era o que eu tinha a dize.
Sobre o teu braço
Enrolado no meu pescoço.
Não existia o despertador no dia seguinte,
Nem contas a pagar.
Só a música da sua respiração
E o cheiro do seu cabelo,
Um cobertor
E um bem estar...

domingo, 9 de maio de 2010

Um barco sumindo no horizonte...

Era sempre primavera,
Éramos flores, borboletas, pássaros
E abelhas.
O Sol aquecia,
Mas mesmo sem ele ferveríamos...

Era sempre primavera,
Pequena demais pra uma nuvem,
Um pingo d’água,
Um floco de neve...

Por onde o inverno entrou
Você saiu.
E minha ultima lembrança
É apenas uma porta fechada.

Uma tarde. Tarde demais

Hoje é dia
Daqueles em que
Nos jogamos
De todo e qualquer prédio,
Dia de não vida
Como muitos que não vivi.

A roupa ainda é a mesma
Da noite passada,
O cabelo, o mesmo,
Alguns cigarros se foram
E lá fora o Sol,
Impiedoso e tirano.

Há escolha?

Os olhos
Não o deixam mentir,
Caindo pelas tabelas,
Inconsciente ele morre.
Morre pelo desespero,
Pelo pão de cada dia,
Morre por não poder escolher
Entre viver e morrer.

Romântico desespero

Sejamos sim
Os personagens de
Um conto de fadas qualquer.
Mas peloamordeDeus!
Não o façamos com tédio.
Temos faca e queijo em mãos.

Porque não café na cama?

A alegria como era ontem

Quando acordo no meio da noite
Com sede

De água e de saber

Pergunto onde foi morar
Aquela simpática alegria
Que certo dia
Vi colorir seu rosto
Em um breve sorriso tímido.

Cada vez mais perto do horizonte

De repente me vi
Dentro do tornado
Respirando,
Comendo e dormindo você,
De repente não mais acordei.
Desde então fui apenas
Sonho e convicção.

Não era pra ser hora de acordar
Se jurei pra mim mesmo
Que era dessa vez
O meu sono eterno.

Zele por ela

Após parir
A mãe permanece inerte
Com aquela criança nas mãos
Sem fazer idéia de como lidar com aquilo.
Não há o que fazer,
Já está viva,
Pronta para apanhar.

Memória recente

Esse poema é do tempo
Em que tropeçar
Fazia parte do passeio,
Era permitido esquecer o caminho de casa.
Conversas desconexas
Encharcadas de álcool e significados ocultos
Era o que havia para o jantar.

Não faz muito tempo,
As nuvens e a lua ainda se lembram
Das risadas e argumentações
Que alimentavam
O vazio que nos fazia pensar.

Algum tempo depois do divórcio

No que restou
Do que era um lar
Sentado em sua poltrona
Relendo um jornal
De quarenta anos atrás
Ele ainda escuta
A correria das crianças
Que naquele tempo
Ainda sorriam.

terça-feira, 20 de abril de 2010

A mesma distancia

Nos becos do que era alma
Ferve o descaminho,
Já não leio mais as cartas que recebo,
Já não participo dos ritos...

Segundo a segundo
Com a força da eterna inércia
Me distancio,
Desaprendo a me comunicar
Com os que aprendi
Querer bem.

Temo essa absoluta solidão
Que não é
Boa nem má,
Apenas É!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

De partida

Despeço-me dos entes,
Dos queridos...

Tenho na mala
Palavras não ensaiadas,
Certezas que inventei e cultivei.
À frente não vejo trilha,
Apenas o desconhecido a ser desbravado.

Despeço-me dos amigos
Que um dia tive.

Ouço pela ultima vez a canção predileta,
Olho retratos
Dos dias que sorri...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Valsa invisível

Na avenida movimentada
Os cachorros não sentiam o seu cheiro e
Os carros não enxergavam
Sua silhueta passeante,
Nem ouviam
As canções que distraída ela dividia com todos.

A tarde era cinza.
Cinza demais
Para quem não tem com quem dividir segredos.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Colapso dos frageis cristais

A regra ignorada

Das palavras que jamais
Devem ser ditas
Sobraram os
Ecos trêmulos e infindáveis
E a regra ignorada.
Os cotovelos apoiados na janela,
O vento,
O olhar distante...

As palavras que jamais
Devem ser ditas
Levaram consigo
Todos os poemas de amor e carícias.



Disparo

Onde acredita que repousa
Esse projétil?
Em meu pensamento,
Em minha solidão?

Pensaste nisso
No momento do disparo
Ou era só um jeito novo de se
Divertir?



Lentamente as mãos deixam de se tocar

Não conseguiu
Olha-la nos olhos,
Não conseguiu
Terminar a frase.
O texto daquela cena
Foi todo redigido em entrelinhas,
As respostas
Emergiam de cada um
Em forma de silencio.

Ninguém queria entender
O que ali se passava,
Ninguém queria suportar.

Suportar o insuportável destino
Das escolhas e estradas distintas.



Deixar ir


Caco de vidro,
Estilhaço,
Pulso...
Pele sangrando.

Ela não olhava
Enquanto ele seguia
Pelo pântano.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O plural de solidão

Não eram mais gestos,
Não eram olhares,
Não eram mais palavras,
Tão pouco ouvidos...

E como dói deixar de ser...

E assim conheceram o plural de solidão.

Nas noites de insônia,
Quando não mais eram:
Gestos,
Olhares,
Palavras e
Ouvidos.

Mas ainda sentiam como dois.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Beber água

Cacos de flores recolhi,
Não vi os sorrisos
Nem o chumbo

Eu me criei no deserto
Morrendo de sede...

Sem violência da qual me queixar,
Nem progresso,
Nem flor no cabelo.
Estávamos todos anestesiados

Eu me criei no deserto
Morrendo de sede...

Mirando um horizonte eternamente turvo,
Nevoa de descaminho,
De paz e antidepressivo!

Eu me criei no deserto
Morrendo de sede...