sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Colapso dos frageis cristais

A regra ignorada

Das palavras que jamais
Devem ser ditas
Sobraram os
Ecos trêmulos e infindáveis
E a regra ignorada.
Os cotovelos apoiados na janela,
O vento,
O olhar distante...

As palavras que jamais
Devem ser ditas
Levaram consigo
Todos os poemas de amor e carícias.



Disparo

Onde acredita que repousa
Esse projétil?
Em meu pensamento,
Em minha solidão?

Pensaste nisso
No momento do disparo
Ou era só um jeito novo de se
Divertir?



Lentamente as mãos deixam de se tocar

Não conseguiu
Olha-la nos olhos,
Não conseguiu
Terminar a frase.
O texto daquela cena
Foi todo redigido em entrelinhas,
As respostas
Emergiam de cada um
Em forma de silencio.

Ninguém queria entender
O que ali se passava,
Ninguém queria suportar.

Suportar o insuportável destino
Das escolhas e estradas distintas.



Deixar ir


Caco de vidro,
Estilhaço,
Pulso...
Pele sangrando.

Ela não olhava
Enquanto ele seguia
Pelo pântano.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O plural de solidão

Não eram mais gestos,
Não eram olhares,
Não eram mais palavras,
Tão pouco ouvidos...

E como dói deixar de ser...

E assim conheceram o plural de solidão.

Nas noites de insônia,
Quando não mais eram:
Gestos,
Olhares,
Palavras e
Ouvidos.

Mas ainda sentiam como dois.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Beber água

Cacos de flores recolhi,
Não vi os sorrisos
Nem o chumbo

Eu me criei no deserto
Morrendo de sede...

Sem violência da qual me queixar,
Nem progresso,
Nem flor no cabelo.
Estávamos todos anestesiados

Eu me criei no deserto
Morrendo de sede...

Mirando um horizonte eternamente turvo,
Nevoa de descaminho,
De paz e antidepressivo!

Eu me criei no deserto
Morrendo de sede...